segunda-feira, janeiro 16, 2006

Inauguração

"Sentamos na cama olhando fixo um no outro, eu fazendo minha melhor cara de corça no cio alcançada pelo macho, sem nem precisar muito, porque estava mesmo fora de mim de tesão.
(...)
Quando parei de gozar, pensei que ele ia querer que eu o chupasse também um pouco, e eu estava com vontade, mas resvalei os lábios no pau dele, ele recuou os quadris, ficou de joelhos diante de mim e me disse, encantadorissimamente, machissimamente no melhor sentido:
- Abra as pernas para mim.

Eu abri, ele curvou meus joelhos para cima, afastou minhas coxas ainda mais – ai, que momento lindo! -, encostou a glande bem no lugar certo, agarrou meus ombros com os braços em gancho pelas minhas costas, abriu a boca para me beijar com a língua enroscada na minha e, num movimento único e poderoso, se enfiou em mim. Senti uma dor fina e quase um estalo, cheguei a querer deslizar de costas pelo colchão acima, mas ele somente enfiou-se em mim até o cabo e ficou lá dentro parado, me segurando forte, para só então terminar o beijo, erguer o tronco e começar a me foder, olhando para a minha cara. E então, com a expressão de homem mais bonita que já vi na minha vida e exalando um cheiro para sempre irreproduzível, gozou muito fundo dentro de mim e eu senti, senti mesmo, aquele jato me inundar gloriosamente aos borbotões, aquela pica grossa e macia pulsando ereta dentro de mim, ai! Eu não gozei, mas só tecnicamente, porque de outra forma gozei muito naquele momento, não posso descrever minha felicidade, minha profusão de sentimentos, me sentir mulher, me sentir fodida, me orgulhar de ter sido esporrada em meio a meu sangue, sem fricotes, como uma verdadeira fêmea deve ser inaugurada por um verdadeiro macho. Já li muitos livros eróticos e pornográficos, a maior parte detestável, já vi tudo, mas nada pode espelhar aquele instante, nada, nada, nada, nada, até hoje me masturbo pensando naquela hora, minha fantasia perfeitamente realizada."
in "A Casa dos Budas Ditosos", João Ubaldo Ribeiro
Editora Objetiva, Colecção PLENOS PECADOS (vol. Luxúria)
Imagem: Milo Manara

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Natal é quando um homem quer


Una hermosa noche de diciembre, en La Habana, estaba una pareja de cubanos mirando el mar, muy acaramelados, cuando de repente, le dice ell a ella:
-Chica, dejame tocarte el wiwichu !
-Estas loco, mi negro, como crees, si no es tiempo todavia ?
-Anda chica que no ves que es el tiempo perfecto, dejame tocarte el wiwichu !
-No, que no quiero !
-Anda chica, es ahora o nunca, deja que te toque el wiwichu....
-Bueno, mi negro, solo porque te quiero mucho...
Entonces el negro agarra su guitarra y prosigue:
-Wiwichu a merry crismas! Wiwichu a merry crismas! Wiwichu a merry crismas! and a Japy Niu Yirrrr!!!

domingo, dezembro 18, 2005

Gramática traiçoeira?

«Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco à tona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: óptimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a movimentar-se: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênfase quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois géneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objecto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular: ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjectivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.Os dois olharam-se, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele nome predicativo do sujeito apontado para seus objectos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma "mesóclise-a-trois". Só que, ascondições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio dosubstantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à línguaportuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.»
Redacção feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco - Recife) e que obteve vitória num concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Orgulho pintas

Ele olhou-a descaradamente avaliando-a. Entre dentes disse: "Boa, comia-te toda".
E ela farta de pénis andantes, cabeças ocas, sexo debaixo da língua, figurões, galãs de trazer por bares. "Comias?" Retorquiu olhando-o directamente entre as pernas, "Então vem".
E ele baixando cabeça e dobrando língua e dizendo alto, "Descarada", e ela: "Parvalhão".
E ele dobrado no balcão pensando entre um gole de bebida e uma passa no cigarro: "Querem todas o mesmo como a Lisete".
E vendo a Lisete, aquela cabra, e sabia que esta era como a Lisete, a que tinha olhos doces mas que não eram dóceis, ele é que os via assim.
E uma noite ele disse "És mesmo boa" e ela empurrou-o contra o carro e nem o deixou mexer-se com a pressa que tinha de sexo, a cabra, a mão direita à braguilha, e ele duro e ela a despir as cuecas a dizer-lhe "Penetra-me", e ele a baixar as calças à pressa e ela a dizer «Penetra-me» e ele a já a tinha penetrado e ela «Penetra-me» e ele já no orgasmo e ela impaciente a baixar-se e ele ali nu diante dela e ela a rir...
Cabra, a rir dele e do sexo dele... «Um dia como estas gajas todas como fiz com a Lisete», pensou...
in http://eroticidades.blogspot.com/. By encandescente.

Cantas bem mas não me alegras


E eles no banco de trás do carro, e a mão dela vagueando nas pernas dele subindo e descendo, joelho coxas, coxas joelho, e o desejo aumentando e ele dizendo tens uns olhos tão profundos parecem janelas e ela de olhos semicerrados dispensando palavras e conversa e outras paisagens que não a da mão subindo e descendo e ele com o rosto enterrado no cabelo dela dizendo qualquer coisa sobre naufragar e ondas de mar e oiro nos cabelos e eteceteras e a vontade dela diminuindo e pensando onde é que já ouvi isto, este gajo só diz frases feitas e lugares comuns, e ele a tua pele parece seda cheiras a mel e ela parando mão e arrepiando caminho e pensando mel? cheiro a mel? e ele insistindo na conversa, mel na voz, o teu pescoço é uma coluna de alabastro... Ah essa não, alabastro não! disse ela endireitando janelas e olhar, sacudindo ondas cabelo e frases feitas, endireitando pescoço e alabastro e saindo do carro lugar comum, deixando a falar sozinho o candidato a Camões campeão de frases feitas.
in http://eroticidades.blogspot.com/. By encandescente.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Despertar doloroso

Foi num dia quente de finais de Setembro que senti pela primeira vez atracção física por alguém. E não foi apenas uma atracção vulgar, daquelas que agora sinto inúmeras vezes e por inúmeras pessoas ao longo do dia, tipo olha que rabo tão bom, que ombros tão fortes ou que mãos tão grandes e que dedos tão compridos. Foi muito mais do que isso. Foi uma vontade enorme de me entregar a um homem. Um desejo, a que não pude resistir, de o sentir dentro de mim, de lhe agarrar no enorme caralho que tinha acabado de ver ao sair do banho, de o apalpar, de o lamber, de o engolir. Nunca, até esse dia, tinha tido consciência da minha sexualidade e de repente, como se me tivessem aberto, escancarado as portas a um mundo novo, toda eu tremia, as minhas mamas, de tão inchadas, pareciam ter o dobro do tamanho, encharcada e sem pinga de pudor ou vergonha, levantei a blusa de alças que tinha vestida até meio da barriga, despi as cuecas, e comecei a dançar à frente dele, insinuante como as mulheres que já tinha visto nos filmes, embora muito desajeitada e atropelada, fazendo boquinhas e pestanejando. Sentado, imóvel e em completo silêncio ele observava-me. Tinha o olhar fixo em mim e as pupilas em alvo, mas nem uma só palavra saía dos seus lábios. Continuou assim durante largos minutos até eu me aproximar e me ajoelhar entre as suas pernas. Foi só depois de lhe ter enfiado uma das mãos debaixo do toalhão de banho e de ter acariciado a dureza daquele volume enorme que senti o terrível impacto da maior bofetada que apanhei na vida. Até hoje, e passados mais de trinta anos, nunca, eu e o meu pai, conversámos sobre o que aconteceu naquele dia quente de finais de Setembro.
in http://ma-mada.blogspot.com/. Ma, a mal-amada

domingo, novembro 27, 2005

Rodízio à Cubana


"- O estrangeiro do plástico chegou ontem.
- Quando, menina?
- Ontem. E me falou que é para você ir lá.
Eu logo me meto porque nessa história tem grana no meio:
- Que história é essa do estrangeiro do plástico?
- Um estrangeiro que aparece de vez em quando. Depois explico.
Em dez minutos, Isabel está vestida com sua lycra branca, sua mochilinha de couro, muito perfume, muitas bijuterias, penteado louco, me dá um beijo rindo, alegre, e me diz:
- Não me espere, papi, que já ganhámos o pão. Mas é até amanhã, pelo menos.
- Bom, tchau. Cuide-se.
(...)
Afinal amanhece. Fico um pouco na cama. Estou rendido. Durmo. Nisso chega Isabel. Morta de sono e cansaço.
- Ai, papi, esse estrangeiro não me deixou dormir a noite inteira. Estou acabada e com a boceta ardendo. Porra, que burro, que imbecil que ele é!
- Bom, me explique: o cara tem o pau de plástico?
Não, não. Só a cabeça. A cabeça inteira é de plástico. É uma prótese. Mas mesmo assim não gozou. Nem com Susi, nem comigo.
- As duas ao mesmo tempo?
- É. É. A noite inteira batalhando com ele e não gozou. Deixei-o com Yakelín. Quem sabe se não vai ficar trepando dez dias sem gozar?
- É o plástico que não deixa gozar?
- Claro, pois só sente o pescocinho de trás. E os berros que dá. A gente tem de agüentar cada uma...
- Quanto lhe deu?
- Cem mangos. Ele paga cem mangos por noite. Nunca lhe falei dele?
- Não.
- Ah, porque fazia um ano que não aparecia. Esse estrangeiro... bom... nós somos... Susi, Yakelín, Mirtica, Lili, Sonia e eu. Somos seis. E uma vai avisando a outra e fazendo turnos até que acaba gozando com uma de nós. E aí, voltamos para o segundo tempo, porque o sujeito é incansável. às vezes fica três semanas aqui, e é toda a noite, sem pular nenhuma. Quando afinal goza, aí relaxa, se acalma e convida a gente para jantar, dançar.
- E soltou cem mangos para você?
- É, papi. Tá aqui. Mas além disso, vou voltar para o segundo tempo daqui a três ou quatro dias. Esse estrangeiro é nosso e a gente não deixa mais ninguém chegar perto."
in "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutierrez
Companhia das Letras, tradução brasileira

História Suja de Havana

"- É, mas eu não trabalhava lá fazia muito tempo. Eu era o Superman. Tinha sempre um cartaz só para mim: "Superman, único no mundo, exclusivamente neste teatro". Sabe quanto media o meu pau bem duro? Trinta centímetros. Eu era um fenômeno. Me anunciavam assim: "Um fenômeno da natureza... Superman... trinta centímetros, um pé, doze polegadas de Superpica... com vocês... Superman!".
- Você sozinho no palco?
- É, eu sozinho. Entrava vestindo uma capa de seda vermelha e azul. No meio do palco, ficava de pé na frente do público, abria a capa de repente e ficava pelado, com o pau mole. Sentava numa cadeira e aparentemente olhava a platéia. Na verdade, ficava olhando para uma branca, loira, que os caras instalavam para mim entre os bastidores, em cima de uma cama. Aquela mulher me deixava louco. Ela tocava uma siririca e quando estava bem excitada um branco se juntava com ela e começava a fazer de tudo. De tudo. Aquilo era tremendo. Mas ninguém via os dois. Era só para mim. Olhando aquilo, meu pau endurecia de arrebentar e, sem tocar nele em nenhum momento, eu gozava. Tinha vinte e poucos anos e lançava uns jatos de porra tão potentes que chegavam no público da primeira fila e borrifavam os veados todos.
- E fazia isso toda noite?
- Toda noite. Sem falhar nenhuma. Ganhava um bom dinheiro, e quando gozava com aqueles jorros tão grandes e abria a boca e começava a gemer com os olhos revirados e levantava da cadeira como se estivesse maconhado, os veados brigavam para ver quem ia tomar banho na minha porra, era como se fossem fitas de serpentina num baile de carnaval, e me jogavam dinheiro no palco e sapateavam e gritavam para mim: "Bravo, bravo, Superman!". Aquele era o meu público e eu era um artista que deixava eles felizes. Aos sábados e domingos ganhava mais, porque o teatro ficava cheio. Cheguei a ser tão famoso que turistas de toda parte do mundo iam me ver.
- E por que parou?
- Porque a vida é assim. Às vezes você está por cima, às vezes por baixo. Já com trinta e dois anos mais ou menos os jorros começaram a minguar, e depois chegou um momento em que eu perdia a concentração e às vezes o pau caía um pouco e depois levantava de novo. Muitas noites eu não conseguia gozar. Já estava meio louco, porque foram muitos anos forçando o cérebro. Tomava pó de pau de tartaruga, ginseng, na farmácia chinesa de Zanja me preparavam um xarope que dava resultado, mas que me deixava muito nervoso. Ninguém imaginava o quanto me custava ganhar a vida assim. Eu tinha minha mulher. Ficamos juntos a vida inteira como se diz, desde que cheguei a Havana até que ela morreu, há uns meses. Bom, pois nessa época eu nunca podia gozar com ela. Nunca tivemos filhos. Minha mulher jamais viu minha porra, em doze anos. Era uma santa. Sabia que se a gente trepasse como Deus manda e eu gozasse, de noite eu não ia conseguir fazer meu número no Shangai. Eu tinha de acumular toda a porra de vinte e quatro horas para o espetáculo de Superman.
- Tremenda disciplina.
- Ou eu tinha essa disciplina ou morria de fome. Não era fácil ganhar a grana naquela época. "
in "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutierrez
Companhia das Letras, tradução brasileira

Sozinho ...

Caetano Veloso
Sozinho
De: Peninha

Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado juntando
O antes o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém

Porque você me esquece e some
E se eu me interessar por alguém
E se ela de repente me ganha

Quando agente gosta é claro que agente cuida
Fala que me ama só que é da boca pra fora
Ou você me engana ou não está madura
Onde está você agora